“Com efeito, fingindo repetir a última palavra de Narciso, Eco profere afinal outra coisa, assim subtraindo a sua fala à simples repetição: fala de forma inaugural, assinando, melhor, contra-assinando nesse instante a língua de Narciso em seu próprio nome – ou seja, no eco da palavra de Narciso, como um eco da palavra de Narciso, e atestando de viés a impossibilidade do próprio narcisismo, no eco de uma palavra narcísica, sim, é certo, mas como um eco que, na verdade, lhe responde, contra-assinando-a e re-inventando-a, emerge de facto uma palavra nova, um novo idioma, um nome próprio: Eco.”
[BERNARDO, Fernanda, «ECO-GRAFIAS», in Revista Filosófica de Coimbra, nº 39, 2011, p. 257-258 (negrito não original)]
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