quinta-feira, 21 de junho de 2012

Colóquio Internacional "Paul Celan: Da Ética do Silêncio à Poético do Encontro"

Apresentação:
     Assumindo-se como uma das vozes poéticas mais singulares do século XX, Paul Celan aceitou, na indigência da época, a responsabilidade do Canto. Indevelmente marcado pela experiência do inumano, Celan escreve a partir da memória dolorosa da Shoah, infirmando, assim, o veredicto de Adorno, para quem redigir um poema após Auschwitz seria um acto bárbaro. 
     De Mohn und Gedächtnis a Fadensonnen, passando por Von Schwelle zu Schwelle e por Atemwende, esta é uma poesia que se afirma às margens de si mesma no limiar do emudecimento e que, ainda assim, funda a possibilidade de dizer a esperança. Um dizer poético opaco e elíptico que, esculpido por penumbras, se revela avesso às pretensões da completude e que é adensado pelo uso criativo e radical, operado no seio da própria linguagem. Radicalizando a experiência da linguagem e empreendendo uma perpétua demanda do Outro, a obra celaniana não cessa de iluminar o pungente paradoxo que se plasma no imperativo ético de exprimir o indizível. 
     Tratando-se de uma produção poética que concitou a atenção de diversos pensadores (P. Lacoue-Labarthe, G. Agamben, J. Derrida, H. G. Gadamer, Emanuel Levinas, G. Steiner ou M. Blanchot) e inúmeras obras artísticas (por exemplo, a pintura de Anselm Kiefer ou a música de Michael Nyman), a obra de Celan participou, ainda, no debate filosófico da sua época (no diálogo que estabelece com a ontologia heideggeriana e a corrente dialógica de Buber, bem como com o pensamento da hospitalidade e do reconhecimento em Levinas), mergulhando igualmente as raízes do seu pensamento na tradição judaica a que nunca renunciou.
     Reunindo a presença de diversos especialistas nacionais e internacionais, o presente colóquio visa reflectir sobre a importância do testemunho poético e da vertente ética da obra de Paul Celan, compulsando noções como testemunho, representação, melancolia, trauma, memória e esquecimento.
(Ver aqui)

Sem comentários:

Enviar um comentário